Prosa Online

O Prosa Online é, como o nome diz, um ambiente virtual para prosear vários assuntos que interagem socialmente pelas redes, com finalidade de compartilhar conhecimentos, ideias, experiências, arte, música, cinema, gramática, literatura, viagens, livros, lugares, pessoas, culturas... perspectivas que sempre agradaram sua idealizadora: Cíntia Luz, ferrenha consumidora de tudo o que está aqui ou quase tudo.


terça-feira, 28 de outubro de 2008

Precisamos peneirar os nossos valores. Valores precisam ser peneirados.


Creio que ele se aproveitou de uma migração de pássaros selvagens pra fugir." (Saint Exupéry)


Hoje eu criei a minha própria teoria: a leitura é a lei da natureza. Tudo que adquirimos através da leitura é transformado em pensamento que refletem de volta a nós como experiência de vida. Cada livro, revista, jornal, placa e muro que leio se matem vivo quando penso, falo e ajo e se concentram predominante no meu relicário da memória. Tiro como prova o meu livro de cabeceira: O Pequeno Príncipe de Saint Exupéry. Às vezes fico me indagando, como este maravilhoso escritor conseguiu escrever este esplêndido livro em pleno exílio no EUA, na conturbada Segunda Guerra Mundial. Como pôde escrever um livro assim, em meio a tantas aversões? Só Lispector entenderia. Aparentemente pequeno (em miniatura, comprado na feira do livro) e literalmente simples, esta renomada obra consegue mostrar o segredo do que é importante na vida. Não sei direito o que é aurora boreal, mas acho que deve ser algo lindo que se formava enquanto este livro era feito. Que lindo e emocionante. Muitas vezes nos equivocamos na avaliação das coisas e das pessoas que nos rodeiam e como esses julgamentos nos levam à mediocridade. Nos entregamos a preocupações diárias de um mundo capitalista e sufocante, tornamos adultos de forma definitiva e esquecemos a criança que fomos. Sinto a profunda mudança de valores que a leitura nos ensina.

Sempre imaginei que o paraíso fosse uma espécie de livraria.

Em meio ao quadradinho/cerrado (minha Brasília) encontrei o paraíso. Rayuela, nome que os argentinos dão à popular brincadeira infantil que, aqui no Brasil, chamamos de Amarelinha. E também título do romance mais que perfeito do escritor Julio Cortázar.
Rayuela, é o nome de uma livraria (412 sul), que mais parece um bistrô (nome francês, mais conhecido como um restaurante ou bar pequeno e simples, porém muito aconchegante). Lá encontramos relíquias e antiguidades, além de ser um lugar super charmoso, servem chás nos fins de tardes (tomei um de flores brancas, delicioso).
Achei muito bacana a proposta, na verdade é um lugar difusor da cultura da nossa cidade. No mesmo espaço está reunido literatura, música, artesanato, arte e claro, os próprios artistas (aquele chá é uma arte).
Não pude deixar de compra um livro: Pai Rico, Pai Pobre, de Robert Kiyosaki. Aos poucos estou conhecendo meus meios de produção e descobrindo o valor da inteligência financeira.

"Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita. Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade. Tem o peso de um olhar. Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou. Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros." (Pai Rico, Pai Pobre).

Açucar é doce, o sal é salgado!

Hoje discuti comigo mesma sobre os conflitos morais e culturais dentro da perspectiva da minha imaginação. Escutando uma música da Paula Toller "Oito anos" (feita em homenagem ao seu filho Gabriel), senti-me o próprio Gabriel: Onde é a Casa da Mãe Joana? Quem é Zé Ninguém? Quando é o dia de São Nunca? Quem roubou pão na casa do João? Alguém já achou as botas de Judas? Onde come um também comem mil?...
O que me inibi? Preciso desinibir!
Não sei da onde vieram tantas perguntas (in) úteis. Na verdade, sei sim. Desde criança eu fazia os meus próprios presságios, acho que já sabia que seria confusa em meio a tantas perguntas no "Fantástico Mundo das Cíntia's".
Ainda hoje tenho as mesmas manias de infância e outras novas, claro. Dormi passando a unha na boca, comer creme dental Tandy, assistir os episódios do Chaves em Acapulco (o melhor episódio da turma do chaves), ter medo da Gina (aquela mulher sorridente da embalagem de palito de dente), pinta a cara de azul para ser um smurf (não perdia um capítulo).
Manis novas, assistir "Todo Mundo Odeia o Cris" e rir, ser consumista, fã e dependente química do milk shake de Ovomaltine (Bob's), comprar um livro por mês, apreciadora da batata frita PRINGLES, ou de um simples suco de melancia com limão do Marieta. Querer comprar toda nova coleção da Melissa. Ou talvez deliciar a melhor batata frita de Brasília, ou o famoso cebolão no Outback. Beber Coca-Cola da garrafa de vidro (não tem igual) ouvindo mil vezes a mesma música (de Paulinho Mosca à Amy Winehouse), molhar a bolacha no leite. Ou simplesmente ficar olhando uma das fotografias de Sebastião Salgado (o cara) do lado esquerdo do meu aconchego noturno, até cair no sono escutando como trilha sonora a rádio Mega FM (no túnel do tempo).
Na verdade eu sei sempre quis ter uma casa na árvore. Nunca tive uma, talvez esse seja o motivo de tantas indagações. Estou perdendo meu lado efusivo de sorrir demais, abraças demais, conversar demais, detalhar demais, perguntar demais. Acho que tudo isso soava falsidade.
Confesso que hoje estou meio "grog". Sabe quando te dá vontade de fazer sei lá o quê? Então vamos sair? Pra onde? Não sei!
Só queria está na praia agora.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

"Chafurdem na lama! Pois este é o ofício de suínos bem cevados."


Thank you, obrigado, danke...”, disse José Padilha emocionado ao receber o prêmio de melhor filme de 2007 (Tropa de Elite), no Festival de Berlim. “Esse prêmio não é para mim, é para o cinema brasileiro.
Muito obrigada Padilha, a gente agradece!
O cinema possui cada vez mais uma capacidade de gerar debates na sociedade, abordando a realidade social gritante, que dá ao espectador a chance de pensar criticamente.
A princípio quando assisti ao filme (Tropa de Elite) tive uma impressão de está vendo o Mussolini como roteirista no lugar do Zé Padilha, um tanto fascista, exaltando o Estado com as modernas técnicas de propaganda.
"Tudo no Estado, nada fora do Estado, nada contra o Estado" (Benito Mussolini em um discurso proferido na Câmara dos Deputados, 1927).

Mas essa minha vida austera, fez-me admitir que o documentário "sou eu" disfarçada de "você", mostrando a nossa realidade: violência urbana, corrupção policial, em geral a dissonância (desarmônia) do "Estado".
Por incrível que pareça muitas pessoas acham que violência se combate com violência. Estes dias visitando algumas comunidades no Orkut, vi que alguns membros possuem empatia com o Capitão Nascimento (Tropa de elite). Há em média 240 mil pessoas fazendo parte da comunidade "Capitão Nascimento é o cara", um homem que mata e tortura.
Eu também faço parte desta "comunidade", mesmo não tendo Orkut. Mas não pelas mesmas causas dos 240 mil membros. Tenha a minha própria leitura. A interpretação de qualquer filme depende de quem está interpretando, (in) felismente!

Outro documentário do Padilha que adimiro foi o Ônibus 174, aquele que por erro um policial atingiu o "alvo" errado (uma refém grávida de 4 meses). Mas quem era o alvo certo? O Sandro Rosa do Nascimento o seqüestrador do ônibus? Quem sabe o que se passava na cabeça do "preparado para matar" naquela hora.
Capitão Nascimento X Sandro Nascimento, será proposital? Duas faces da mesma moeda.
Um policial que deu errado no Bope, suas angustias (abafamento, insegurança, falta de humor, ressentimento, dor e ferida na alma) e síndrome de "não" saber lhe dá com a violência. Do outro lado, um morador de rua, órfão de pai, mãe, educação, carinho, morto asfixiado em rede mundial.
Cada vez que paro no sinal de trânsito vejo vários "Sandros", vejo aquele clima de tragédia desenhada em minha frente. Qual será o próximo "Nascimento" (codinome)? Personagens o Zé Padilha já tem, o trio amoroso do ABC Paulista (ex-namorado mata ex-namorada e fere amiga da namorada) e o nome do filme baseio que seja: O retorno da refém ao cativeiro.
"Cabeças" e "virilhas" vão rolar, só não sambemos quem foi o atirador de "elite" dessa vez ou/e quem a mídia vai incriminar como culpado, o homem que mata por "amor" (novas concepções desse grande sentimento) ou a policial inspirada nos filmes (falidos) americanizados da SWAT.

Vamos promover uma campanha utilizando o Programa do Faustão (horário nobre onde todos comem 'pizza'), um debate sobre questões públicas. A mesa será composta por jornalistas, cineastas, engraxates, açougueiros, vendedores ambulantes, políticos, mendigos, poetas e "Nascimentos" quem sabe assim paramos de chafurdar na lama da hipocrisia. "Vamos promover o Estado, a copa de 2014. A educação, segurança e saúde a gente vê isso depois."

Etimologia: Austero (do latim austeru); Dissonante (do latim dissonus); Bope (Batalhão de operações Quase Especiais); SWAT (Special Weapons And Tactics - Armas e Táticas Especiais).

"Se não houver frutos. Valeu a beleza das flores. Se não houver flores. Valeu a sombra das folhas. Se não houver folhas. Valeu a intenção da semente"
HENFIL, do livro Diretas Já

domingo, 19 de outubro de 2008

De onde vêm os vendedores de guarda-chuva?


Hoje a chuva me pegou, meu cabelo encolheu, fiquei toda molhada, lancei uma corridinha e consegui chegar até a lanchonete. Pedi um suco, na verdade eu queria um melancia com limão (o meu suco predileto, mas tomei um tal de X-tapa, e plaft, um "tapa" bem certeiro no meu frágil estômago (não gosto de tomar sucos industrializados).
Várias pessoas foram parando para se proteger dos inesperados pingos diante do sol/chuva!
Que clima mais louco. A culpa é de quem? Tadinho do aquecimento global, sempre o julgam como vilão.
Sentindo o cheiro de asfalto quente recebendo chuva fresca, o inusitado bateu no relicário da minha memória e me indaguei a uma grande curiosidade minha (meus questionamentos inúteis), DE ONDE VÊM OS VENDEDORES DE GUARDA-CHUVA?
Do nada, lá estão eles, anunciando: Quarda-chuva moça, tem coloridos, de bolinhas, de bichinho, amarelinhos e quadriculados... E o preço, sempre acessível (R$ 5,00, R$ 10,00 e R$ 15,00). E de fato, eu nunca comprei um guarda-chuva, todos que já tive foram ganhados, principalmente em confraternizações da empresa.
Sai da lanchonete encantada com as gotículas refrescantes/sufocante vindas da imensidão do céu ultra-refletindo a imagem dos vendedores, quase esqueci de pagar o suco. Pensei "quer saber, vou levar um... é minha oportunidade de compra o meu próprio guarda-chuva, mesmo que seja naquele estilo ventou/dobrou.
E disse ao vendedor que queria um: aquele ali, mais discreto, branco com bolinhas pretas.
Mas quando ia pagá-lo, algo cegou meus olhos míopes e astigmatizados. O sol chegou e cancelou aquele momento de longas negociações. Na verdade, estes vendedores vêem o sol como um policial/fiscal que vem recolher suas "muamba" clandestinas. O sol fez com que ele me olhasse com uma carinha de "cão que caiu da mudança". Comprei sem pedir desconto, sob o efeito de usa-lo como guarda-sol, só para o "camarada" não ficar tristinho.
É, eu já posso dizer que tenho meu próprio guarda-chuva.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Pequenos Prazeres Secretos



"Por vezes sinto-me tão revoltado com o estado do mundo que nem sequer consigo acabar a segunda tarte de maçã." (by Banksy)


As pessoas que comandam nossas cidades não entendem o grafite, pois acham que nada tem o direito de existir a não ser que eles lucrem com isso. Eles dizem que é um símbolo do declínio da sociedade, mas o grafite só é um perigo para três tipos de pessoas: políticos, publicitários e pessoas que escrevem sobre o grafite.


Palavras-chave: Infecção intestinal; Salmonela; Soro intravenoso.

Linguagem gritante diante dos meus olhos



Ontem depois do trabalho, resolvi parar em uma livraria (Conjunto Nacional). Na verdade eu já sabia o que queria: o livro do Banksy, “Wall and Piece”, que custa R$ 25,90.
Logo na abertura, "orelha" (abas) ele diz o seguinte:
“Apesar do que dizem o grafite não é o jeito mais baixo de se fazer arte. É na verdade uma das mais honestas formas de expressão artística. Não há elitismo ou hype, a obra é exibida nas melhores paredes que uma cidade tem para oferecer e todos podem apreciar, já que nenhum centavo é cobrado.”

Com uma esplêndida sagacidade Banksy, grafita a minha expressão artística, utilizando a linguagem visual para manter sua poesia de protesto.
É o meu predileto e provocativo artista de rua (normalmente em espaço público) que se popularizou no meu ser. Tudo bem de longe da cultura de massa. Um rebelde com causas que causa a heterogeneidades sociais, étnicas, etárias, sexuais ou psicológicas de quem aprecia seu trabalho.
Sua arte urbana se baseia em cunho crítico, sociais, comportamentais e políticos, na verdade ele busca mostrar sua aversão contra "autoridade" e "poder".
(In) felizmente ele ganhou minha concordância e minha identidade, meus risos espontâneos, involuntários, agressivos e sarcásticos diante das mazelas da nossa "sociedade".

"Meus pais: Eles pensam que sou um decorador e pintor." (by Banksy)

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

"Soft Opening"

Admito que neste primeiro post, ainda não sei muito bem como vou utilizar esse espaço, não tenho idéia de quem irá se interessar em ler meus textos, muito menos a repercussão que irá fazer. Esse blog é minha forma de expressar o que penso e o que penso já basta para mim.

Para vocês, “leitores-passivos".

Palavras-chave: Idéia; Realização; Realidade; Esperança.